domingo, 17 de agosto de 2008

Turning point

Toda viagem tem um "turning point", um ponto de crise. Comigo, nas minhas viagens, tenho observado isso. Estes dias vivi esta "virada". Começou com um cansaço de Paris, com uma desmotivação para sair a visitar os lugares. Depois foi virando uma carência, uma falta de interação humana, social, mais precisamente de gente amiga. Ameaçou virar uma rejeição à cidade e um "fui, galera!". Não foi muito fácil, haja fôlego. Respira daqui, muda o pensamento dali, reza acolá, cantarola um pouco... Deu de ir passando. Aí, finalmente, reforços chegaram: François e Verônica, e os filhos Claire e Gabriel, meus anfitriãos e donos da casa onde estou, que estavam de férias no Brasil. Foi muito bom ver gente conhecida, falar a língua, interagir. Comecei a ficar mais feliz (havia começado a ficar triste).

Aí hoje fomos passear, em Versailles. Bom, Versailles é uma cidade de 200 mil habitantes, aqui perto de Saint Germain en Laye, onde estou. Mas, além disso, é onde estão os jardins e palácio mais conhecidos da história da monarquia francesa. O palácio, contou-me François, foi construído sob Luis XIV com o objetivo, entre outros, de reunir ali a nobreza proprietária do que se pretendia que fosse o território francês. Parece que naquela época a unificação da França não era uma coisa tão pacífica assim, os duques, barões e condes, com seus pequenos domínios territoriais, viviam ameçando separatismos e arroubos de autonomia em relação ao pretendido poder central do rei. Pois bem, aí o rei mandou construir um baita de um palácio pra caber todo mundo e também ter todo mundo ali pertinho, e cortar as asas dos mais afoitos. Viviam então todos ali num luxo que a gente nem imagina, imagino.

Foi ali ainda que, depois, veio a reinar seu bisneto Luis XVI, aquele que perdeu a cabeça na Revolução Francesa; e foi ali que viveu Maria Antonieta, nobre autríaca que casara justamente com Luis XVI (e personagem do filme "Maria Antonieta", de Sofia Coppola). Na propriedade de palácio tem até uma área que é conhecida como de domínio dela: um pequeno palácio com mimos e caprichos, como uma "fazenda" para ela brincar de camponesa... Deve ter sido bom, até o dia em que ela também perdeu a cabeça!

Pois bem, hoje o palácio e seus amplos e belos jardins, e fontes e lagos, são de visitação pública. Lugar agradável para ir. Chegamos meio tarde, então nem nos animamos a entrar no palácio, que eu já visitara quando estive a primeira vez aqui em Paris. Andamos pela área externa e jardins. Vimos o finalzinho das águas dos chafarizes - são vários - que no verão funcionam até as 17 horas com uma música de época ao fundo. Esta música ao fundo é meio brega, quer dizer, a ambientação fica meio brega, mas as fontes são lindas. E os jardins e flores também.Por sugestão do Gabriel e da Clara, alugamos um bote e fomos remar no lago-canal principal, um dos passeios possíveis lá. Há patos e cisnes que ficam ali por perto. O que parecia algo meio sem graça revelou-se a melhor parte do passeio. Fui super-divertido revezarmo-nos nos remos, cada um exibindo a sua destreza e "desastreza". Acima, Verônica mostrava firmeza sob os olhares entre confiantes e divertidos de François e Claire. Abaixo já foi a vez da Verônica se divertir na tentativa de dobradinha que fizemos Gabriel e eu - que até que não foi tão mal: ora, por diversos momentos o barco navegou em linha reta!

Foi muito gostoso, recomendo.

5 comentários:

Anônimo disse...

maneirissimo esse ponto de virada
foi do inferno ao céu numa postagem
estou adorando seu diário de bordo
dá pra sentir os ares franceses
em seu tom intimista
que legal a entrada da edilene na história
tenho lido os estudos dela por aqui
que legal saber que estás bem
a propósito, qual o seu número de telefone aí
um abração querida
amilton

karlota disse...

Mari querida...é assim mesmo. Já dizia o Velho Rosa "Toda saudade é uma espécie de velhice!" Eu smepre acho que se ir é bom...voltar, ah voltar é melhor ainda! Depois a gente pensa "Ai como eu fui boba, em Paria e com saudade do acre!" Besteira, essa mistura de sentimentos é que é o bom...é assim mesmo! Eu estou adorando conhecer Paris pelos seus olhos, eu tinha 21 anos quando conheci e me encantei. Alguns lugares eu estive, outros fiquei na vontade, quando for de novo(em breve tomara!!!)já vou seguindo seu simpático roteiro. Se cuida e vai escrevendo que está uma delícia ler. Karlota.

Noé disse...

Muito bom este seu blog! Fotos idem. Grato por me colocar entre seus Blog Afins.
Noé

Noé disse...

Gostei da idéia do turning point. Veja: http://consiliencia.blogspot.com/2008/08/paradigma-de-mariana.html
Abr
Noé

Aflora disse...

valeu, Noé!
prazer estar no seu blog.
abrs