Ontem me conectei com a torcida do Flamengo, do Coríntias, do Palmeiras... Foi assim: estava já há dias querendo ir a Montmartre e lá visitar a igreja Sacre Couer, que fica num ponto alto da cidade e tem uma vista bonita. Pois é, cheguei lá e topei com esta turmona toda! Procurei abrigo dentro da igreja, e lá de fato é proibido falar alto e não são muitos os que se animam a sentar nos bancos e ficar lá em silêncio. Paraíso. Fiquei lá tomando um fôlego, e reparando na decoração da igreja, que data do século XIX, se não estou enganada. No altar, acima, tem um mural grande, com uma figura de Jesus de braços abertos e um olhar penetrante. É como um ressurgimento. Ao lado estão a Virgem Maria e um anjo, e vem em seguida bispos e cardeais, santos e santas, e, logo em seguida, intelectuais e compositores, índios e negros, camponeses. Sei lá, fiquei ali olhando aquilo tudo e neste dia tão paradoxal tive, por um lado, a certeza de que eu não sou católica; e, por outro, vendo as manifestações de fé ali dentro da igreja, de que cada um é o seu verdadeiro templo. É isso que permite, penso, por exemplo, ter um ato de devoção e fé perante uma estátua de Jesus, como eu mesma tive.
Ontem ainda, andando pelo centro, ali na altura da rue des Écoles, topei com esta rua, a rue Descartes, este filósofo do racionalismo francês (mas não só). Interessante este canto de Paris: tem a Sorbonne, que ocupa uma quadra inteira, toda imponente. Ao lado, o College de France, que você fica olhando e imaginando o que acontece e o que já aconteceu ali: seminários de Lévi-Strauss, Foucault e outros mitos modernos. Lévi-Strauss, inclusive, vivíssimo e às vésperas de completar 100 anos dia 28 de novembro (anotem na agenda!). Mas, enfim, neste entorno, como ia dizendo, tem outras coisas, além de livrarias. Espalhadas em diversos estabelecimentos, em ruas próximas, existem várias lojas da Vieux Campeur, uma super-loja de artigos de montanhismo, caminhada, camping e afins. É bem legal. Um pedaço da cidade temperado pela atividade intelectual e a físico-corporal.
Ainda me animei a ir, desta vez de ônibus, até o Café Angelina, que fica na rue de Rivoli, em frente ao Jardin des Tulleries. É um café que data de 1903, diz a lenda que até o Proust já andou lá. Fui experimentar uma especialidade da casa, um chocolate quente chamado "Africaine". Uma delícia! Vem numa jarrinha que dá para duas xícaras e custa 7 euros. Mas nem pense em repartir; você vai querer repetir!
Um comentário:
Voilà, le monde est petit! Ainda bem, assim a gente pode se encontrar. Achei o dia ótimo, vamos repetir. Tomara o verão chegue acreanamente em Paris para que possamos tirar o casaquinho na próxima foto!
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