terça-feira, 5 de agosto de 2008

Astronauta parisiense

Hoje tive uma sensação nova. Aquela de quando você descola, desloca, decola. E começa a se sentir longe de tudo e entrando numa outra realidade, ou dimensão, ou espaço-tempo, ou onda mesmo. Não, não fiz uma viagem espacial ou astral, simplesmente estava andando na rua, passeando no Marais, e quando sentei na Place de Voges para descansar e curtir o final do dia, vi que algo estava mudando. Que o Brasil, o Acre, Rio Branco, minha vida tal como estou acostumada, tudo isso estava ficando longe, longe, distante - e Paris e a vida aqui estavam mais palpáveis, perto, embora bastante misteriosas. Foi muito agradável sentir isso. Sentir "férias" - aquela sensação que só chega de verdade, penso, quando você esquece até mesmo do que você faz para ganhar dinheiro; quando você vive temporariamente uma vida, sabendo que ela é temporária, mas pode não ser; sabendo que vai voltar uma hora pra casa, mas pode não voltar. "Sem lenço, sem documento", o vento no rosto, imagens que tragam a sensação de liberdade, leveza, um suspiro, um sorriso.

Lembrei dos astronautas. Não os de hoje, que, sem querer em absoluto desmerecer a experiência fantástica que deve ser ir navegar no espaço, vão para estações espaciais que, imagino, deve até ter internet e algum "msn". Pensei nos pioneiros, aquela galera das naves "pé-duro", mais experimentais. Esses primeiros astronautas viram a Terra de longe. Guardadas as devidas proporções, será que sentiram algo assim como eu, hoje? Tipo: longe de casa, com os pés fora da t(T)erra que estavam acostumados a pisar, e com um universo desconhecido para explorar? Tudo bem, eles não tinham mapas e guias como eu tenho, mas ter esses equipamentos não tira o prazer da exploração.

Enfim, acho que me senti uma astronauta em Paris. Uma astronauta gostando muito de estar longe de casa, de deixar para trás ao menos por um tempo aquele dia a dia dos compromissos, dos telefonemas (argh!), dos pepinos domésticos e profissionais, dos projetos e planejamentos, das provas e das notas. Olhei pela janela da minha nave e mal consegui distinguir essas coisas...

Au revoir!

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