sábado, 28 de fevereiro de 2009

Fim de tarde

Antes do carnaval, nos reunimos (meus irmãos Lucas e Estevão, e eu, e também Dani, esposa do Lucas, e Isabela e Rosa, suas filhas, minhas sobrinhas) no Leblon, na casa do Estevão. Encontro de família, entre irmãos. Ficamos lá curtindo o encontro, vendo o por do sol e jogando uma (boa) conversa fora, quer dizer, fora não, pois ela está em parte registrada no filminho aí embaixo, a quem possa interessar...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Férias...

... que também sou filha de Deus. Cônscia desta minha condição e privilégio, estou me dando uns dias no Rio de Janeiro. Sei que ando meio ausente aqui do espaço-blog, acho que com menos coisas a dizer, ou com menos vontade de dizer, não sei bem. É fase: passa. Mas, pra não ficar parecendo abandono do navio, resolvi postar algo mais pessoal, contar um pouco das férias, desses dias aqui no Rio, cidade que adoro visitar, onde cresci, tenho amigos, família e aquela familiaridade gostosa de saber qual ônibus pegar pra ir em tal lugar, onde fica tal rua, um corta-caminho, onde não dá pra dar bobeira, essas coisas.

Cheguei tem uma semana. Os primeiros dias foram de chuva e pouco sol. Tive o prazer de rever uma parenta amiga de longa data, a Júlia, que na foto acima está com minhas sobrinhas num passeio que fizemos, no domingo, quando o sol começou a querer aparecer, no aterro do Flamengo.

O dia seguinte já foi de sol! O que significa uma só e mesma coisa: praia!!! Para uma acrioca, este é o melhor programa no Rio: mar, areia, ondas, ficar lá estatelada olhando o horizonte, curtindo a sensação de sal no corpo, o sol esquentando, olhando o povo passando pra lá e pra cá - todo tipo de gente: velhos, novos, crianças, jovens, adultos, pobres, ricos, nativos e turistas, e por aí vai. A democracia da praia, se se pode falar assim, é uma coisa fantástica e boa de se viver. Não paga pra entrar e todos usufruem.
Também aproveito pra ir ao cinema. Vi, junto com meu pai, "Operação Valquíria", um filme acho que produzido pelo Tom Cruise (e estrelado por ele também) que mostra como nos últimos anos da Segunda Guerra, dentro das Forças Armadas nazistas, haviam muitos militares descontentes com Hitler e os caminhos que a Alemanha tomava. Houveram mais de 15 atentados contra a vida dele, e o cara conseguiu se safar de todos! O filme narra o último atentado, já em 1944. É bem interessante, pois é histórico e bem reconstituído. Um coisa meio "crônica de uma [não]morte anunciada", pois você sabe que os que tramam o assassinato e golpe de Estado vão se dar muito mal (mal mesmo), mas mesmo assim rola emoção e expectativa. É bacana, vale o ingresso, que no Rio é bem carinho (em torno de R$ 15 a inteira).

Vi também "O casamento de Rachel", outro estilo, outra história, e muito bom. Gostei bastante. História familiar, com seus dramas polarizados em torno de uma filha drogada, em recuperação, que aparece em casa para o casamento da irmã. Tem uma câmara que se movimenta bastante, não é aquela coisa estática, padrão; tem cenas bem espontâneas e intimistas de uma ocasião como a união de duas famílias através do casamento dos filhos; é uma festa que se arrasta por dias e aí a história vai se revelando, se desenrolando, chega num clímax e as emoções conseguem encontrar uma forma de se expressar e se ajeitar umas com as outras. É bem bom, e os atores são ótimos.
Hoje vou ver outro filme. Depois dou notícia.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Vida inteligente da floresta

Recebi na semana passada um email com um artigo recentemente publicado no Boletim Pesquisa Fapesp Online que traz informações sobre o comportamento da floresta numa situação limite que dão o que pensar. O artigo chama "A floresta no limite" e traz alguns dos resultados a que chegou um experimento em curso na Flona do Tapajós, Município de Belterra, no Pará, implementado por cientistas brasileiros e americanos de diversas instituições e batizado de "Seca-Floresta".

A pergunta inicial foi: o que acontece com uma floresta submetida a anos de seca? Ou seja, o que aconteceria com a floresta numa situação de aquecimento global e mudanças climáticas decorrentes? Escolheu-se então uma área de floresta (cerca de um hectare) não tão aleatória assim, isto é, que fosse representativa de um tipo de vegetação florestal predominante na região amazônica, que em seguida foi como que lacrada: mais de 5.500 painéis de plástico de 3 x o,5 metros foram estendidos sobre a área, impedindo que a chuva chegasse ao solo. Paralelo a isso, foram construídas torres para observação do dossel e cavados poços para fazer o mesmo no subsolo, onde estão as raízes mais profundas e depósitos de água. Simulou-se então cinco anos de seca severa. Para ter um padrão de comparação, uma área similar e não coberta com os painéis (mas com poços e torres) foi tomada como controle, sendo analisada também ao mesmo tempo.

A primeira coisa que me chamou atenção foi a própria idéia, arrojada, sem dúvida. É daquelas coisas que você pensa e acha que não dá pra fazer, que é viagem. Pois os caras viajaram e realizaram. Deve ter custado caríssimo, este é o segundo ponto, mas parece que há dinheiro para isso. Com efeito, o experimento foi bancado pelo Experimento em Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (conhecido como LBA), que, até onde eu sei, tem grana. Melhor assim. A causa é nobre. O terceiro ponto, que é um estudo fino, é a inteligência desta nossa amiga floresta. Não tem história: diante de condições adversas, as respostas são imediatas, estratégias são postas em prática pelas árvores, que contemplam mesmo o que se poderia chamar de uma queda voluntária na fertilidade. Inteligência e profunda dependência dos demais elementos que integram o sistema: chuva e sol, em particular. O equilíbrio é delicado, e nesta delicadeza belo e trágico. Vejamos algumas conclusões dos cientistas:

* Nos dois primeiros anos, a floresta lacrada resistiu bem à seca artificial, mas a copa das árvores encolheu cerca de 20%: folhas novas deixaram de nascer ("pra que ter menino se não há condições adequadas?"). Com isso, mais luz penetrou na área, contribuindo para a secagem do solo e tornando-o mais suscetível a incêndios.

* Já no primeiro ano, as árvores pararam de crescer ou reduziram a taxa de fotossíntese, responsável pela retirada de gás carbônico da atmosfera. Uma razão provável e direta para isso seria a dificuldade das raízes encontrarem água no solo. Diante da falta d´água, o ciclo da floração e dos frutos também foi afetado. Quatro anos depois de iniciado o experimento, os frutos tornaram-se mais leves e quase sem sementes, comprometendo ainda mais a capacidade de reprodução das espécies.

*A situação só não se tornou excessivamente trágica porque as raízes profundas permitem às árvores buscar água a até 11 metros de profundidade e porque existe um mecanismo de "redistribuição hídrica" natural desempenhado pelas raízes: retira-se água das regiões mais profundas e úmidas e irriga-se aquelas mais superficiais e secas. Este trabalho é feito pelas raízes mais profundas em parceria com a trama de raízes que existe na superfície do solo, garantindo assim água para as grandes árvores mas também para suas vizinhas menores. Esta "redistribuição hídrica" também opera ao inverso, ou seja, quando há excesso de água na superfície (período de chuvas), estas são canalizadas para reservatórios nas áreas mais profundas, e lá ficam como reserva. Não é maravilhosamente incrível?! Agora, imagina o que isso significa numa situação de desmatamento: seus efeitos perversos são multiplicados... Na situação de seca simulada, após cinco anos as reservas de água profundas tinham baixado em quase 90%.

* Sem água, as árvores finalmente começaram a morrer, principalmente as maiores, ou seja, as de maior biomassa. Um ano depois que os painéis de plástico foram removidos a mortalidade continuava ainda elevada. O estoque de carbono da floresta foi assim comprometido: a produção de madeira na área experimental foi 33 toneladas menor do que na área sem painéis, e a produção de matéria orgânica morta foi 47 toneladas maior. Conclusão: se uma situação de seca severa se mantém e expande, de sumidouro a floresta amazônica poderia se transformar em grande emissor de gás carbônico! Qual a situação hoje? Outros estudos do LBA indicam que há um equilíbrio entre emissão e absorção.
Como se sabe, situações de equilíbrio são também situações de potencial desequilíbrio.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Blog do Taska

"Yuxinawa - a tribo da imagem e do som" é o nome do blog do Taska Yawanawa, vocês conhecem? Está no ar há já algum tempo, mas agora numa fase bem intensa e atualizada. Recomendo a visita, e reproduzo abaixo um trecho de um relato de viagem, linkando o rio Gregório com New York!

" (...) Aproveitei para curtir a chuva.. Tirei o chapéu de palha que estava usando para me proteger do sol, saquei a camisa de manga e levantei os braços pro céu, agradecendo pela chuva. A princípio, queria ficar aborrecido com meu cunhado por não ter trazido um plástico para a gente cobrir a bagagem.. No entanto, a chuva estava tão bonita, que resolvi abracá-la, me lembrei de um taxista de uma taxi cab de Nova York.. Em 2007, tinha saído de Philadelphia da Pensilvânia de metrô para New York.. chegamos pela manhã na Pensilvania Station e estava fazendo muito frio e uma chuva tremenda. Fiquei numa fila enorme para pegar um taxi par air ao prédio da ONU.. Fiquei mais de 30 minutos… finalmente chegou minha vez de entrar no Táxi.. Logo que entrei no taxi, fui reclamando para o taxista.. – Caramba, esta chuva logo agora, porra estou todo molhado que sacagem. O taxista com um acento árabe olhou pra mim e disse. Amigo, pelo que posso ver, você é o único que está chateado com a chuva…. Todos demais estão feliz com a chuva… as plantas estão felizes, os rios estão felizes, os pássaros estão felizes, eu estou feliz, porque se não tivesse chovendo tu ia andando para o prédio da ONU e aí eu não teria passageiro…. Olhei para ele e comecei a rir me sentindo um idiota completo de está chatedo com a chuva."