Quando vi o filme “Crônicas de Nárnia”, algo me tocou profundamente. Numa das primeiras cenas em que a heroína da história, uma menina de uns cinco anos, chega a Nárnia saída de um guarda-roupa (!) ela logo encontra um fauno. Está nevando, um pouco frio, e ele a convida para um chá em sua casa que fica ali perto. Ela hesita, mas aceita. Gostara do fauno, e realmente a interação entre eles é bem delicada. A casa é aconchegante, o chá está ótimo, e a menina logo dorme na cadeira. Acorda pouco tempo depois com o fauno chorando. Quer saber o por quê daquele choro.
O fauno confessa constrangido que a terrível Rainha do reino, uma verdadeira tirana, ordenara que qualquer humano que aparecesse em Nárnia deveria ser entregue a ela. E assim, ele, o fauno, estava sofrendo de culpa de entregar às garras da Rainha sua mais nova amiga. A menina, muito linda, fica surpresa com aquela confissão e diz com uma inocência que só as crianças têm: mas eu pensei que você era meu amigo.... Não há um tom de acusação, e tampouco ela se sente culpada de algo para merecer aquela traição – ela simplesmente expressa a pureza que está dentro de si. Há uma liberdade invejável neste ato, que é também um sentir.
Há alguns dias, consultando o I Ching, saiu o hexagrama “Wu Wang/Inocência (o Inesperado)”, que fala da ausência de culpas e de intenções pré-determinadas. Na inocência, o inesperado, quando surge, pode ser mais facilmente trabalhado e superado caso traga más notícias. A perda da inocência é de grande prejuízo. “Onde irá aquele que se afasta da inocência? A vontade e as bençãos do céu não acompanham seus atos”, comentava Confúcio.
Também nesses últimos dias tenho sido quase cotidianamente visitada por beija-flores. Cada vez que um deles aparece, é um frescor, uma leveza, uma alegria interior – algo que me remete também ao que seria sentir a inocência. Que bom seria ter por propósito nesta vida simplesmente amar os beija-flores! Este pensamento, simples, é verdade, e também profundo, me veio no último dia 15. Tomei-o como uma inspiração.
E lembrei agora mesmo da Violeta Parra, na famosa “Volver a los 17”, em que ela diz, já com seus quase 50 anos (imagino), que voltar a ter 17 anos é como decifrar sinais sem ser um competente sábio nesta matéria, é voltar ter sentimentos profundos, tal como uma criança diante de Deus. E como uma lembrança puxa a outra, agora me veio o Mestre Jesus, que tinha pelas crianças uma predileção especial. Talvez ele achasse que só os inocentes de coração podiam realmente deleitar-se ao estar em Sua presença, e vice-versa.
Pra fechar estas palavras, imagino que chegar mais perto de nós mesmos seja também aproximar-se da criança inocente que foi (fomos) sendo sufocada ao longo da vida. Sentir-se como a menina que entra e sai de um guarda-roupa, conhece um reino mágico, faz um amigo fauno e enfrenta todos os perigos desta grande aventura (que é a vida) com uma confiança e pureza invejáveis.
O fauno confessa constrangido que a terrível Rainha do reino, uma verdadeira tirana, ordenara que qualquer humano que aparecesse em Nárnia deveria ser entregue a ela. E assim, ele, o fauno, estava sofrendo de culpa de entregar às garras da Rainha sua mais nova amiga. A menina, muito linda, fica surpresa com aquela confissão e diz com uma inocência que só as crianças têm: mas eu pensei que você era meu amigo.... Não há um tom de acusação, e tampouco ela se sente culpada de algo para merecer aquela traição – ela simplesmente expressa a pureza que está dentro de si. Há uma liberdade invejável neste ato, que é também um sentir.
Há alguns dias, consultando o I Ching, saiu o hexagrama “Wu Wang/Inocência (o Inesperado)”, que fala da ausência de culpas e de intenções pré-determinadas. Na inocência, o inesperado, quando surge, pode ser mais facilmente trabalhado e superado caso traga más notícias. A perda da inocência é de grande prejuízo. “Onde irá aquele que se afasta da inocência? A vontade e as bençãos do céu não acompanham seus atos”, comentava Confúcio.
Também nesses últimos dias tenho sido quase cotidianamente visitada por beija-flores. Cada vez que um deles aparece, é um frescor, uma leveza, uma alegria interior – algo que me remete também ao que seria sentir a inocência. Que bom seria ter por propósito nesta vida simplesmente amar os beija-flores! Este pensamento, simples, é verdade, e também profundo, me veio no último dia 15. Tomei-o como uma inspiração.
E lembrei agora mesmo da Violeta Parra, na famosa “Volver a los 17”, em que ela diz, já com seus quase 50 anos (imagino), que voltar a ter 17 anos é como decifrar sinais sem ser um competente sábio nesta matéria, é voltar ter sentimentos profundos, tal como uma criança diante de Deus. E como uma lembrança puxa a outra, agora me veio o Mestre Jesus, que tinha pelas crianças uma predileção especial. Talvez ele achasse que só os inocentes de coração podiam realmente deleitar-se ao estar em Sua presença, e vice-versa.
Pra fechar estas palavras, imagino que chegar mais perto de nós mesmos seja também aproximar-se da criança inocente que foi (fomos) sendo sufocada ao longo da vida. Sentir-se como a menina que entra e sai de um guarda-roupa, conhece um reino mágico, faz um amigo fauno e enfrenta todos os perigos desta grande aventura (que é a vida) com uma confiança e pureza invejáveis.
3 comentários:
Oi amiga. Interessante desabafo.
Penso que somos uma grande casa, com muitas portas e vários compartimentos. Muitas vezes não ocupamos e nem visitamos alguns espaços. E, em uma passagem para outro compartimento, sempre muito breve e rápida, é que as coisas acontecem...do tipo amor...recordações...infância...e nossas verdades são reveladas !
É uma pena que sejam passagens breves !
Beijos. Gosto muito de você !
"Ela era toda feita de carinho,
ela Hera a inconsciencia do pecado
mas, depois, se transformou..."
Olá. Quem bom conhecer você! Manhã de sol...será que não é tarde?
Muito Legal!
Exatamente o que precisava ler hoje, depois de uma manha estafante de trabalho e pepinos de Universidade. Quando se amaduresse excessivamente, a ponto de perder a conexao com o universo da magia e do "tudo pode dar certo!", se endurece, no s esquecemos de como eramos quando criancas...e havia quase chego neste ponto, mas o Daime me ajudou a regressar e ver como eh linda a vida aos olhos de criança...nao percamos esta perspectiva!
Dica: Labirinto do Fauno
Postar um comentário