O rio Tietê, em especial o trecho que corta a Grande São Paulo, costuma estar associado a tudo de ruim que a humanidade que mora em cidades grandes pode produzir: a morte de seres viventes não humanos – no caso, um rio, peixes e outros organismos que ali habitam. Mas, tal como nós humanos, entes naturais, a vida em todos habita. Só assim posso entender as últimas notícias sobre o Tietê.Vamos aos fatos que recolhi esta semana.
O rio Tietê, na região metropolitana de São Paulo, é castigado todos os dias com algo em torno de 690 toneladas de esgoto – argh! São 34 cidades na Grande São Paulo, das quais 19 despejam no mesmo Tietê todo o seu esgoto in natura. Há, por exemplo, no ABC, redes coletoras, mas não estão articuladas com estações de tratamento. As mais 250 prefeituras na área da Bacia do Tietê muito pouco fizeram em termos de investimento para a proteção do rio, que sofre não só com os dejetos domésticos e industriais, mas também com problemas de erosão. Enfim, doutor, o caso é grave e inspira cuidados urgentes; o doente parece agonizar... Mas não, espere! Há sinais vitais...
Após 16 anos de obras e investimentos em torno de R$ 3 bilhões, o rio Tietê dá sinais de vida. A uns 100 quilômetros da capital, peixes que há 30 anos haviam desaparecido, ressurgem em trechos (região de Sorocaba) onde o nível de oxigênio dobrou entre 1992 e 2008. Dados da Sabesp (a companhia que cuida da situação e abastecimento de água para os paulistanos) registram queda na poluição do rio com material orgânico e metais. Diz-se que “mancha de poluição do rio recuou 120 quilômetros”. No rio Pinheiros, que também corta a capital, uma rede de interceptores vem sendo construída e planeja-se bloquear cerca de 60% do esgoto despejado no rio e dar-lhe tratamento. Com isso, estima-se que em três anos será possível pescar no Pinheiros, ali na marginal!
Claro que os números poderiam ser melhores. Há muito (des)interesse político em todo o projeto de despoluição do Tietê. Mas acredito que podemos comemorar e brindar a vida. O caso do Tietê pode estar nos mostrando que mesmo quando tudo parece tão difícil, quando a missão tem um certo ar de impossibilidade, quando a doença é grave, enfim, bom, mesmo nessas situações há uma força maior que atua: a força da vida. Basta darmos uma chance, pararmos de sufocá-la, criarmos condições um pouco melhores, que a vida ressurge, delicada ao início, mas tendendo à plenitude e ao vigor.

Viva a vida - que quer viver!
Esta postagem é dedicada a Mauro Almeida.


No dia 19, ao que tudo indica com apoio e incentivo dos empresários madeireiros, moradores de Tailândia impediram que os 15 mil metros cúbicos de pura ilegalidade fossem retirados do Município. Queimaram pneus, ameaçaram os fiscais que comandavam a operação, ocuparam as vias de acesso as serrarias, uma loucura, quase uma guerra. Uma guerra pela floresta, fiquei pensando. O clima esquentou mesmo na Tailândia.


De fala mansa, Joaquim abriu o curso com um audiovisual de uma importante festa ritual de seu povo (cujo nome inadvertidamente não anotei), pondo-nos por cerca de dez minutos em contato com o universo de seu povo, ouvindo-os cantar e vendo-os na mata, pintando-se, cozinhando, dançando, brincando, olhando-nos de frente por meio da lente do fotógrafo, com seus rostos pintados com os grafismos dos kêne.