segunda-feira, 30 de junho de 2008

Nietzsche em poesia

Ontem à noite, naquele marasmo da TV aos domingos, lembrei do "Café Filosófico", programa que a Cultura exibe quase na mesma hora do Fantástico - ou seja, uma opção fantástica!

Cheguei meio tarde, mas ainda há tempo de ouvir Viviane Mosé, que falava de Nietzsche. Que programa mais lindo, não sei reproduzir aqui, mas aprendi várias coisas que não conseguia aprender. E acabei retomando o Zaratustra antes de dormir (é a terceira vez que recomeço o livro...). Vou tentar achar o programa no site da Cultura.

Aqui quero postar uma poesia da palestrante (que, vi depois, é relativamente conhecida, parece que apresentou algo no afamado Fantástico - como é a vida!). Num determinado momento, ela declamou poesias suas, justamente quando falava sobre a idéia de "instante", do "agora", tão importantes no pensamento nitzscheano. Nossa, gostei demais (encontrei os poemas aqui).

quem tem olhos pra ver o tempo soprando sulcos na pele soprando sulcos na pele soprando sulcos?

o tempo andou riscando meu rosto

com uma navalha fina

sem raiva nem rancor

o tempo riscou meu rosto

com calma

(eu parei de lutar contra o tempo

ando exercendo instantes

acho que ganhei presença)

*

acho que a vida anda passando a mão em mim.

a vida anda passando a mão em mim.

acho que a vida anda passando.

a vida anda passando.

acho que a vida anda.

a vida anda em mim.

acho que há vida em mim.

a vida em mim anda passando.

acho que a vida anda passando a mão em mim

e por falar em sexo quem anda me comendo

é o tempo

na verdade faz tempo mas eu escondia

porque ele me pegava à força e por trás

um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo

se você tem que me comer

que seja com o meu consentimento

e me olhando nos olhos

acho que ganhei o tempo

de lá pra cá ele tem sido bom comigo

dizem que ando até remoçando

6 comentários:

Anônimo disse...

Oi Maripan...

Adorei conhecer a Viviane.
Beijo

Renata

morenocris disse...

PERFEITO! PERFEITO! PERFEITO!

Mas rapaz, você se superou!

Beijos.

Aflora disse...

Ora, Cris, estou só bebendo nas boas fontes, que estão aí para todos. A auto-superação quem propõe é o Nietzsche, e eu ainda estou meio longe dela; quem sabe, com sorte, a caminho (e com muito trabalho pela frente!). Bjs

Anônimo disse...

Parece que ele se inspirou naquele adágio popular, com o qual as pessoas nos respondem quando a gente as chama de velhas: "velho é o tempo".

morenocris disse...

Ai Mariana, o tempo anda passando a mão em mim! Nem acredito!

Beijos.

morenocris disse...

Perdoa-me. Às vezes, quer dizer, em sua maioria, sou muito impulsiva.

Beijos.
Boa noite.