Acabo de ver uma reportagem no Fantástico sobre mudanças climáticas. É de domínio público a dramática situação em que nos encontramos no planeta. Pois bem, a uma determinada altura da reportagem, foram elencados duas causas principais de tanta alteração climática e ameaças ao meio ambiente (lixo, escassez de recursos etc). Não lembro se a palavra foi “causas”, mas eram dois pontos que precisam, na opinião do programa, serem enfrentados e para os quais soluções são urgentemente necessárias. Superpopulação e concentração de gases na atmosfera. Estavam ali os dois vilões do nosso drama atual.
Mas será possível, pensei, que meus amigos Kontanawa, que vêem com bons olhos o crescimento demográfico de seu povo com o expressivo nascimento de novas crianças, estejam entre os culpados do aquecimento global? Alegrar-se com o crescimento demográfico é comum entre povos e minorias que começam a se reerguer de anos de massacre e subjugação. Quanto aos gases na atmosfera, bem, entendo que são antes efeitos e não causa, ou seja, há uma relação de causalidade aí que parece estar invertida. Como e por quê aqueles gases foram e estão indo parar na nossa atmosfera? Acho que esta é a pergunta.
Por que não se fala uma palavra de todo o sistema que está por trás de tudo isso? De toda indústria de consumo e de guerra que ganha muito com tudo isso? É como se nosso mundo capitalista fosse algo “natural”. (Alguém já viu “The Corporation”?) Os gases na atmosfera são as flatulências de toda esta grande engenhoca. A (super)população, o mercado consumidor. Lá na Restauração, no alto rio Tejo, o lixo aumentou, é verdade, e plásticos são cada vez mais frequentes. Mas se os moradores compram é porque tem quem produz, divulga e vende aquela porcaria toda.
E aparecia o sr. Wilson dizendo, como tantos outros, que não precisamos parar o desenvolvimento, e sim fazer com que ele seja sustentável. Alguém consegue acreditar que é possível uma economia capitalista sustentável? Quem quiser, venha a Rio Branco e assista as carretas transportando madeira no verão – onde que aquilo pode durar para sempre? Ah, que saco...
2 comentários:
É, Mariana. Tem dias que não são exatamente as "soluções" dos problemas o que nos aborrece. Expresse-se um único problema e chovem soluções, de modo que o que passa a irritar é ele mesmo, o problema.
O problema? o ser humano e todas as soluções dele mesmo advindas.
é. haja sacos plásticos e de papel e etc. Muita madeira ainda vai rolar nas carrocerias das carretas.
Não diria que muita madeira ainda vai rolar nas carrocerias. as reservas legais das propriedades particulares é que abastecem grande parte da madeira aqui em RBR. e elas estão ficando cada vez mais depauperadas. ou vcs aida acreditam que a madeira do Acre vem das florestas estaduais de produção???????
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