sábado, 17 de maio de 2008

Outras fotos


Estas e outras fotos de pessoas dos povos Yauanawá, Kaxinawá e Ashaninka (foram os que consegui identificar) foram espalhadas em outdoors pela cidade na semana do dia 19 de abril, o Dia do Índio. Uma realização do governo estadual. Gostei, e ainda gosto, de andar de carro pela cidade e ir topando com estes rostos fortes - bonita homenagem. Imagino que os direitos de imagem devam ter sido negociados com os referidos povos.


Que acordos foram estabelecidos? Fiquei curiosa: como se tem negociado este tipo de coisa: um direito de imagem de um sujeito coletivo (um povo) cujo usuário das imagens é o poder público, um outro coletivo também. Coletivos negociando por meio de seus porta-vozes. Caso comparável ao dos índios isolados, só que estes um (ou mais de um) povo, um coletivo, cujo "advogado", ou mediador, estará sendo, até onde entendi, o Estado brasileiro (um baita de um coletivo!), no caso a Funai. Que tipo de direito será estabelecido?

Fico imaginando: daqui há cem anos os isolados resolvem fazer contato, e descobrem que tem uma poupança para fazer o que lhes convier, ou financiar as políticas necessárias a mitigar o impacto, ou... Muito louco isso tudo. Que coisa. Talvez esteja escrevendo bobagens por falta de informação, e é verdade que há casos (não tão raros, infelizmente) de pessoas e empresas que faturam alto em cima da imagem alheia.

Outro dia entrei em alguns sites do "creative commons" e achei interessante: autoriza-se o uso de imagens, músicas, textos para certos fins, sendo outros vedados. Os fins autorizados e os proibidos são estabelecidos por quem resolve usar este mecanismo de proteção. Achei bem legal. Melhor do que proibir tudo, e qualquer uso ser pago. Sei lá, a monetarização de tudo me incomoda um pouco, muito embora não tenha (ainda) uma proposta alternativa, ou subversiva (!). O "creative commons" é uma proposta que taí, na praça.

Um comentário:

lindomarpadilha.blogspot disse...

Cara Mariana,

Falando sobre direitos, gostaria de dizer que a comunidade indígena Apolima-Arara está revoltada com a foto que o governo do Estado divulgou pela semana dos povos indígenas, equeles baners que foram colocados na cabeceira da passarela no novo Mercado Velho, onde a foto que aparece, atribuida a algum indio Apolima-Arara, na verdade é de um indio de outro povo.
Nessas circunstâncias será mesmo que o Governo tem preocupação quanto à autorização para uso de imagem?
De qualquer forma não se trata, no caso do uso de uma foto de outro povo, de mero equívoco. O que houve de fato foi um desrespeito, no mínimo.

Bom trabalho.

Lindomar Padilha