quarta-feira, 9 de abril de 2008

Hãtxa Kuin Menia continua

Esta semana entramos na 16a. aula de Hãtxa Kuin, curso experimental que a Biblioteca da Floresta está oferecendo desde fevereiro deste ano. Serão 25 aulas. Nosso professor, o Joaquim Maná, da TI Kaxinanawá do Carapanã, no rio Tarauacá, e a Daniela Marquese, antropóloga e assistente, junto conosco, a turma interessada, temos todos mantido um ritmo maneiro e puxado ao mesmo tempo. Não é fácil aprender hãtxa kuin! É difícil. A pronúncia do "e" em especial, que com ou sem acento (til) não é pronunciada como no português. Na foto abaixo, o Joaquim estava, bem no começo do curso, nos ensinando as vogais do alfabeto huni kuin, quem não tem o "o". O Elson Martins, aluno dedicado, está prestando a maior atenção... (Gosto desta foto, um professor indígena apropriando-se dos nossos materiais e nos ensinando o que para ele é importante: sua língua.)


Há ainda coisas como "xt", "tx", "sh", entre outros. Bom, mas isso a gente aprende, vai se acostumando. É interessante, pois a grafia do hãtxa kuin é recente, dos anos 80, ao menos aqui no Acre. No Peru existe uma gramática mais antiga um pouco, por iniciativa de linguístas missionários. Aqui no Acre é uma iniciativa da Comissão Pró-Índio com professores indígenas e consultoria de linguístas, como o Aldir Santos de Paula, de Alagoas e um especialista nas línguas Pano. Então, tem coisas que ainda estão se firmando, regras de escrita ainda não consolidadas, há discrepâncias e coisas ainda não bem definidas. Isso no que diz respeito ao hãtxa kuin escrito, pois o falado vai bem obrigado. Quer dizer, há Terras Indígenas aqui no estado que a língua está bem ameaçada, que só os velhos a falam. Mas vamos em frente na nossa aula...


Aí acima estão o Joaquim e suas alunas Silene Farias e Marisa Fontana. A Silene é do Jabuti Bumbá, e quer levar o hãtxa kuin para os folguedos do bicho de casco, e a Marisa é historiadora e trabalha na Biblioteca. Na foto, estavam lendo um diálogo em hãtxa kuin, no qual dois amigos se visitam e bebem caiçuma ("mabesh"). Fizemos muito isso num momento inicial do curso, para nos familiarizarmos com a pronúncia da língua.


Nesse dia, recebemos a visita de uma turma do Jordão: Itsairu (de faixa verde), Shane (de "chapéu") e sua irmã Aiani. Foi um dia animado. Na foto eles estão junto com a Daniela. Eles vieram nos auxiliar em exercícios de pronúncia e escrita. Temos recebido várias visitas durante o curso de huni kuins que estão pela cidade e aparecem. Teve gente da turma que até arriscou uma conversa em hãtxa kuin...

Neste dia da visita, o Itsairu, um professor com vocação para filósofo, trabalhou bastante com o grupo em que eu estava, este aí acima (eu não apareço por motivos óbvios...): da esquerda para a direita, a Geovânia, professora de sociologia da UFAC, a Janilse, cientista social quase formada pela UFAC e agora concentrada no bebê que está para nascer, e a Verinha, da Comissão Pró-Índio, que mora em Brasília mas vem sempre pra cá e aí vem pra aula. Eram vários grupos, divididos com os Huni Kuin presentes. Num deles estava a inesquecível Nilda Dantas (na foto abaixo, de blusa laranja), artista e locutora de rádio na Difusora Acreana.


- Ma e~ kai [leia-se o til em cima do "e"]
- Kariwe!

Um comentário:

Anônimo disse...

Mariana, gostei do afloramento.

Abraços,Marisa.