terça-feira, 24 de maio de 2011

Sobre onças e pinguins

Duas matérias hoje nos jornais despertaram minha atenção, e deixaram-me, uma e/ou outra, chocada, passada, comovida, pensativa. A primeira é sobre a penalização de uma proprietária de fazenda no Pantanal Matogrossense que promovia safaris para turistas estrangeiros, tendo como alvo preferencial onças, pintadas e pardas. A dita senhora, que atende pelo irônico nome de Beatriz Rondon, parece que já chegou, em algum momento, a ser premiada como defensora das mesmas onças caçadas em sua fazenda. Vai entender. Coisas de Mato Grosso, acho. Foram três multas em um mês na fazendeira reincidente, totalizando ridículos R$ 230 mil para quem, segundo a matéria, cobrava US$ 30 mil dos turistas interessados em matar onças. Agora me diga: qual a graça disso? Matar onças... Só pode ser uma perversão do nosso melhor e mais valoroso bom senso.

Outra matéria é sobre os pinguins, esses nossos amigos de casaca que estão, como outros animais dos pólos, sofrendo com o aquecimento do planeta. Pois bem, os conhecidos como pinguins-adélia, que acho que são uns pequenininhos super-simpáticos, estão desaparecendo da Penísula Antártica porque as rochas onde punham seus ovos agora ficam cobertas pela neve que se precipita em maior quantidade. Então não tem mais como fazer os ninhos. E a outra péssima notícia é sobre os Imperadores, aqueles d'A Marcha dos Pinguins (que não viu este filme, ou não conhece a valentia desses seres, precisa se atualizar!), que desapareceram da região. Uma única colônia que tinha por ali, sumiu. Para onde foram eles? Refugiados ambientais, drama de muitas populações humanas.

Mas hoje quiz mesmo é falar dos animais, que estão vivendo suas vidas e sendo afetados dramaticamente pela nossa. Eles não nos acusam, não apontam seus dedos para nós, não nos xingam, nem ficam por aí se queixando, ressentidos. Não sei muito bem o que eles fazem, ou como designar o que fazem. A vida quer viver, eles vivem. E se não dá mais pra viver, não vivem mais. Talvez seja assim, meio natureza mesmo, simples, natural. Mas não dá pra não pensar no que nós estamos fazendo, com eles e com nós mesmos, privando-nos da sua companhia no planeta, da sua companhia nesta nossa viagem pelo espaço cósmico a bordo da nave Terra. Tornando a viagem mais árdua, e a nossa nave um ambiente difícil pra se viver. Sei lá, devemos estar precisando viver tudo isso. Será? Pra chegar a onde mesmo se tudo já está aqui...

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