quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Sábado à noite na terra da Florestania

Este ano completa 20 anos do assassinato de Chico Mendes. Para marcar a data, o Prêmio Chico Mendes de Florestania, concedido pelo governo do estado, saiu um pouco do seu formato tradicional e premiou 20 pessoas, entregando a cada uma delas um diploma e uma espécie de troféu onde, numa madeira, está fincada um ouriço de castanha em bronze. Bonita a homenagem.

Na hora em que me arrumava para ir a premiação, pensei: “mas isso está com cara de evento ´chapa-branca´ e lá vou eu...”. Mas não dava para não ir: amigos muito caros estavam sendo contemplados pelo Prêmio e queria estar com eles, particularmente com um, que não via a uns dois anos, o Ailton Krenak. Arrumei-me para a noite. O convite dizia “esporte fino”, me previniu a Débora. Pensei: “vamos ver qual a leitura acreana do esporte fino”. E lá fui eu, de esporte fino: um vestido branquinho de algodão da Cantão, que comprei para levar para Paris e não consegui usar lá devido ao frio, e que ainda estava virgenzinho no guarda-roupa. Sapatilha ou sandália de salto? “Salto”, decretou a Débora. Ok, mas vou levar a sapatilha just in case, pois depois tinha uma festa na Malu. Arrematei com uma bolsa de couro vegetal, um colarzinho, brincos combinando e um baton pra dar um toque. Ao chegar lá, constatei: "esporte fino" é uma questão muito pessoal, ou sujeito a leituras bem subjetivas, ou ainda, exagerando um pouco, "cada um vai como quer". Os que estavam de paletó e gravata, como ensina o manual de esporte fino, confessavam certo constrangimento.

Foi um evento muito bonito, devo dizer com satisfação. Sob medida. O cerimonial enxuto, com direito a Vitor Fasano, bonitão lá no palco. Os discursos, de quem discursou (Marina, Binho, Raimundão, Toinho Alves, Steve Schwartmann e Jorge Viana), inspirados e também de bom tamanho, bons de ouvir. Houve um fantástico anti-clímax com a fala do Toinho, que fez uma auto-crítica por todos, encarnando, como disse o Binho, o Chico Mendes naquela noite e lembrando a todos que, sim, trabalharam muito nesses 20 anos, mas estão todos muito longes de ter cumprido o dever de casa. Muito pelo contrário, perdeu-se o foco, o extrativismo está como que às moscas, sem uma política consistente e permanente, e as Reservas Extrativistas em crise. É, foi boa esta parte da noite. Precisava.

Entre as premiações, divididas em três blocos, música: primeiro a Carol Freitas, que abriu o evento cantando aquela música do Vital Farias sobre “a bonita floresta, mata verde, céu azul, a mais bonita floresta”. Depois teve o Sérgio Souto, a Keyla e a noite fechou com Los Porongas. Demais!

E aí saímos para o hall, tomamos suco, tietamos os Porongas e ainda jantamos com os premiados no Inácio. Novamente, mais do que a comida, bem em desacordo com as minhas pessoais preferências alimentares, bom mesmo foi estar com os amigos: Ailton, o Toinho filhos, o Taska e a Laura, o Terri e sua extensa família indígena, o seu Antonio de Paula, a Sheyla e outros ali presentes.

É, teve bom. Só não deu pra ir na Malu que no dia seguinte tinha hinário...

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