sábado, 26 de janeiro de 2008

Brasil vivo

Há uma semana fiz uma viagem. Fui a Manaus. Foi muito legal. Mesmo. Não pela cidade, pois sinceramente Manaus não me atrai, me remete a imagem de uma São Paulo amazônica. Mas o que me levou lá é que valeu toda a viagem e o esforço que significou, naquele momento em especial, sair de casa. Fui participar do II Encontro de Pesquisadores e Movimentos Sociais de dois projetos voltados para a elaboração de “cartografias sociais” de povos e comunidades tradicionais no Brasil, embora com foco maior na Amazônia.

O ponto de partida é que tanto nas cidades quanto nos interiores há – e como há!!! – populações lutando por direitos territoriais, direitos estes muitas vezes ameaçados de forma violenta e que põe em risco a própria vida dos que lutam. Territórios contestados, cuja cartografia torna-se um instrumento de luta e reivindicação. Há os mapas oficiais, aqueles do governo, há aqueles que grandes empresas, como a Vale, por exemplo, podem produzir para demarcar as áreas sobre as quais afirmam ter direitos legais, mas e as populações locais, quais são seus mapas? Da onde vem? Onde são produzidos? Pois bem, são produzidos por elas mesmas em oficinas de curta duração, precedidas por muita conversa, e depois sintetizadas numa publicação de fácil manuseio.

Nestas publicações encontram-se informações construídas pelos próprios participantes sobre o território que consideram como um direito seu, seja pelo uso que fazem, seja pela história de ocupação, ou outros critérios relevantes. Ou seja, um mapa cuja cartografia obedeceu ao que foi considerado socialmente significativo pelos próprios moradores. As legendas, são todas produzidas localmente. São mapas vivos. Buscam dar visibilidade e legitimidade a demandas que de outra forma jamais encontrariam um meio de expressão tão impactante e comunicativo quanto a representação cartográfica. É incrível como um mapa comunica, e dialoga com outros mapas.

Em Manaus, deparei-me com um Brasil vivo, diverso, dinâmico, pulsante. Confesso que fiquei mesmo surpresa. Visitamos, por exemplo, uma aldeia Sateré-Maué em plena Manaus. É inacreditável como a gente não sabe de nada do que acontece neste país... é uma pena. Perdemos muitas oportunidades de ampliar horizontes, idéias e nossa participação como brasileiros realmente interessados no futuro da nação, interessados no que estamos nos tornando, ou no que nosso país está sendo tornado.

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