quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Saramago II

Falamos muito ao longo desses últimos anos dos direitos humanos; simplesmente deixamos de falar de uma coisa muito simples, que são os deveres humanos, que são sempre deveres em relação ao outro, sobretudo. E é essa indiferença em relação ao outro, essa espécie de desprezo do outro que eu me pergunto se tem algum sentido numa situação ou no quadro da existência de uma espécie que se diz racional.

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O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas covardias do quotidiano, tudo isso contribui para essa perniciosa forma de cegueira mental que consiste em estar no mundo e não ver o mundo ou só ver dele o que, em cada momento, for susceptível de servir os nossos interesses.

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Temos que acreditar nalguma coisa e, sobretudo, temos que ter um sentimento de responsabilidade coletiva, segundo o qual cada um de nós será responsável por todos os outros.

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Estou convencido de que é preciso continuar a dizer não, mesmo que se trate de uma voz pregando no deserto.

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