segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Uma volta na Reserva 2

Uma paisagem está se tornando mais comum na Reserva. Não é a minha paisagem preferida, mas topei com ela a viagem toda: casas cobertas de alumínio e campos abertos. Claro que com isso vem o gado e um estilo de vida diferente. Mas não necessariamente homogeneidade. A foto acima, por exemplo, foi feita no rio Juruá, na altura da foz do Acuriá. Trata-se da fazenda do Manoel Patinho. Fazenda? Pois é, na Reserva, em especial no Juruá, fazendas e fazendeiros reinam, isto é, dominam o pedaço, pareceu-me, alguns deles com mais de uma fazenda, e seus rebanhos espalhados por elas e também por campos de moradores das vizinhanças, como dizem ser o caso do fazendeiro que impera na foz do rio Caipora. Grave, sem dúvida.

Esta área acima, se não estou errada, é próxima a foz do São João, onde está a fazenda dos Calila, que possuem outra mais acima, segundo me disseram, a Bandeirante. Mas os moradores não-fazendeiros, ou seja, aqueles que não tem no gado sua principal atividade econômica, também encantaram-se com as promessas da pecuária, ou melhor, desiludiram-se com a falência do extrativismo tradicional e abriram pastagens. Não são poucos - e isto talvez seja uma boa notícia - os que hoje pensam diferente e querem recuperar seus campos: o gado, afirmam, não é uma boa opção.
Na foto acima vê-se uma antiga pastagem vizinha a um milharal e sendo recuperada com fruteiras. Repare que elas estão plantadas em meio ao capim, por dois motivos: era inverno, difícil manter tudo limpo, o mato cresce muito, e também Altemir, dono do plantio, morador do São João, não dispõe de uma roçadeira, artigo que está se tornando imprescindível para aqueles que querem alterar a paisagem que construíram: eliminar o capim e implantar sistemas agroflorestais.

Alumínio e campos não querem dizer homogeneidade, como disse. Têm-se as fazendas, as moradas dos agricultores que também criam gado, e tem também - numa tipologia aqui feita sem muito rigor - as áreas de concentração de casas. Vejamos a vila Restauração aí acima, no alto rio Tejo. Trata-se de uma área cada vez mais ampla, ou seja, cada vez mais aberta, sem floresta (embora com fruteiras aqui e acolá, nos quintais em especial), com casas uma perto das outras. Esta é também uma outra paisagem que faz parte desta classificação mais geral de campos e "casas-forno", como gosto de chamar o resultado da cobertura de alumínio.

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