Saindo de casa pela Via Verde, ainda em Rio Branco, logo topamos com o amigo aí na frente...
Da onde vinha e para onde ia? Boa pergunta. Paradoxal foi vê-lo numa via por nome "verde" e cruzando com a placa abaixo. Estamos realmente cuidando da vida, ou de que vida? A viagem prometia ser emocionante para uma reflexão desta ordem.
Ultrapassamos o caminhão e seguimos, logo pegando a estrada para o Quinary, que está sendo duplicada e que tem trechos incrivelmente mal sinalizados. Mas o asfalto, onde já foi colocado, impressiona, desliza-se suavemente. Velozes então seguimos, logo estávamos na BR 317, agora rumo a primeira cidade depois da simpática Senador Guiomar (ou Quinary): a deflorestada, segundo afirmam estatísticas que já li em algum lugar, Capixaba.
Logo topamos com o símbolo do desenvolvimento rural em São Paulo, na região conhecida como Califórnia Brasileira: cana-de-açucar, aquela que o Lula dizia que não ia chegar na Amazônia de jeito nenhum, só se passasse por cima dele. Parece que passou, pois depois ele alizou o discurso, e lá está a usina do Grupo Farias, que já teve mil percalços com o Ministério Público, não sei como está agora, mas a cana está lá, sim, senhor!
Não foi a primeira vez que passei ali, tenho fotos inclusive de quando a terra estava sendo preparada para o plantio. E todas as vezes sinto um incômodo: me sinto num Globo Rural. Isso, paisagem rural, e não florestal. E lá estão as castanheiras, sempre elas, que insistem em denunciar sua lenta e dolorosa morte; antes no pasto, agora no canavial. Sinto um cheiro de São Paulo, daquilo que por lá chamam "progresso", e que aqui ficam nos vendendo, com suas usinas, estradas, perfurações petrolíferas & Cia. Interessante ainda porque em alguns trechos, do outro lado do asfalto, lá estão seringueiras cultivadas, ou seja, que foram plantadas em algum momento da nossa história.
Não acredito que estejam economicamente ativas, mas estão lá formando um simpático bosquezinho e contrastando com o canavial em frente. Tentamos domar a floresta e, pelo visto, não conseguimos, e lá está um dos símbolos da colonização (e destruição) da Mata Atlântica: a gostosa cana, pois, admitamos, a bichinha é gostosa, dá garapa, rapadura, mel... e alcool, biocombustível do momento!
`Bora em frente!
Ah, sim, a eletrificação que acompanha a BR, torres e postes pra todo lado. Bom, deve ser bom ver a luz chegar em casa, substituir a lamparina, ligar a geladeira, a TV, o computador, deve ser bom, quer dizer, serão poucos os que dirão que é ruim. Muito poucos. Eu mesma, gostaria. O duro é quando a gente fica pensando da onde vem a energir que passa ali, como é gerada, se é limpa ou não. Sei é que aqui queimamos muito diesel para ter luz na floresta, ou no que resta dela. Contradições...
Um comentário:
Fabulosa reportagem.
Tomara Marina Silva veja; tomara ela (ou quem quer que seja veja) e sirva para refletir e agir melhor em relação a esse maravilhoso Acre.
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