quarta-feira, 7 de março de 2012

Resex Alto Juruá: madeira, gado e vila




Marechal Thaumaturgo, Acre, Brasil, 29 de fevereiro de 2012

Aos responsáveis pelos seguintes orgãos e demais interessados:

ICMBio
ASAREAJ
Polícia Federal
Prefeitura de Marechal Thaumaturgo
Polícia Civil

Quero aqui denunciar uma situação que está ocorrendo em nossa comunidade da vila Restauração, alto rio Tejo, Reserva Extrativista do Alto Juruá. Precisamos de apoio para encontrar urgentemente uma solução.

O que me motivou a escrever esta carta é uma grande retirada de madeiras de lei agora acontecendo em vários pontos aqui na região (Boa Vista, boca do Manteiga, Cachoeira do Jarana e Restauração) – estima-se em 250 dúzias de tábuas, além da madeira quadrada. Esta retirada está sendo promovida por um morador novato aqui na Reserva, pois chegou aqui por volta de 2005. Trata-se do sr. José dos Santos Farias, conhecido como José Ripardo.

Este sr., desde que aqui chegou, abriu uma área de pastagem muito acima do limite permitido pelo Plano de Utilização (que é de 15 ha, incluindo casa, terreiro, roçados e área de criação), onde colocou em torno de 60 cabeças de gado. Desde 2010, ele já vem sendo advertido pelo ICMBio, que proibiu novas derrubadas. Em novembro de 2011, numa reunião com representantes do ICMBio de Cruzeiro do Sul (Urbano Lopes, Chico Ginú e Figueiredo) na vila Restauração, o sr. José Ripardo foi advertido que não podia plantar capim numa nova área que acabara de queimar. No dia seguinte a saída da equipe do ICMBio, ele deu início ao plantio de capim! O sr. José Ripardo também abriu um comércio na vila e uma serraria, que beneficiou boa parte da madeira usada nas casas do crédito - moradia do Incra. Este comércio foi recentemente vendido a um outro comerciante da sede do município (que atende pelo apelido de “Ceará”), assim também como o gado, este repassado para outro comerciante, desta vez de Cruzeiro do Sul e que atende pelo apelido de “Socó”.

Como é possível tanto desafio a Justiça do nosso país e as leis da Reserva?

No exato momento em que escrevo esta carta, o sr. José Ripardo deu início as obras de um novo ponto comercial, de dois pisos, utilizando justamente a madeira retirada de que falei acima [aí na foto sendo beneficiada na serraria do infrator]. Esta obra, acredito, contém várias irregularidades, pois está tapando o caminho da escola, deslocando o trapicho de circulação dos moradores, deverá mexer com a rede elétrica da vila Restauração e desrespeitar o espaço privado de outras moradias. Além disso tudo, o sr. José Ripardo tem o costume de andar armado (revólver calibre 32). Isto intimida o restante dos moradores que, assim como eu, sentem-se prejudicados pelas ações deste sr. Pelas leis da Reserva, este tipo de infrator deveria ser expulso da Reserva.

Diante disso tudo, é urgente que as autoridades responsáveis tomem as providências para impedir esta obra e as irregularidades de retirada de madeira, abertura de pastagens e comercialização de terras que vem acontecendo aqui na Restauração, justamente o local onde começou a luta pela criação da Reserva.

Francisco das Chagas Bezerra do Nascimento (Nino)
68 84118437

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