sexta-feira, 16 de abril de 2010

Grito de protesto

Tá difícil ficar calado com tantos absurdos rolando na mídia sobre a decisão política, e burra, ao que tudo indica, de construir a Usina Hidroelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, a qualquer custo. Articulistas nos jornais estão "canso" (como se diz por aqui) de dizer que a obra está sendo empurrada goela abaixo, que os estudos ambientais apontam problemas e riscos fortes, que as populações ribeirinhas e indígenas serão SIM muito atingidas, que os interesses que realmente estão mandando na obra são inconfessáveis e que o nosso presidente Lula dá prova de sua tacanhez ao insistir que vamos sim construir Belo Monte nem que a vaca tussa!

Li esses dias pedaços de uma longa entrevista publicada no Correio da Cidadania com Ildo Sauer, diretor da Petrobrás até 2007. Tudo bem, o cara não é nem um mocinho, digamos assim, mas não dá pra negar que conhece do babado e que, vamos lá, a Petrobrás tem fama de defesa dos interesses da nação. Enfim, poderia ter publicado algo da Miriam Leitão, da FSP, que anda esbravejando contra Belo Monte. Caiu-me o Ildo Sauer em mãos. Publico então um pequeno trecho da entrevista dele como um manifesto de indignação que não sei a quem gritar!

"O desastre de Belo Monte é um desastre político de um governo que não fedz sua licão de casa [um levantamento das alternativas hidroenergéticas nas bacias brasileiras], e tinha tempo de fazer um adequado detalhamento da questão ambiental, tomando uma decisão pública consensual e informada. E agiu pior aginda no tratamento desrespeitoso imposto às populações da região, mobilizadas há décadas. Vale lembrar que o projeto foi concebido inicialmente como um projeto de energia barata, para aproveitar o alumínio, bauxita e fazer exportações, na década de 70, 80 e 90. Agora mudaram o caráter do empreendimento, dizendo ser o objetivo a 'energia para os brasileiros'. Mas é preciso ver para quem ficam os lucros, para quem ficam os excedentes econômicos, para quem ficam os prejuízos e impactos negativos. É o balanço que está na mesa, que lamentavelmente precisa ser feito.

A respeito da distância [da hidroelétrica de linhas de transmissão], Santo Antonio e Jirau são mais desfavoráveis, o que, no entanto, não exclui Belo Monte dos dois grandes pecados: os problemas ambiental e social, que não foram resolvidos, conduzidos e nem encaminhados de maneira aceitável por um governo que se diz democrático-popular. "

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