sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Volta na Reserva - final

Nesta postagem final de minha última viagem ao Alto Juruá em 2009, resolvi adotar um viés mais estético e colocar imagens que atraíram o meu olhar, que me deram prazer de ver e registrar, que falaram a minha memória visual e afetiva.

Começo com a macaxeira, cuja farinha não pode faltar na dieta seringueira do Alto Juruá. Esta aí, já "arrancada" e "descascada" estava aguardando ser "lavada" para então ir para o "banco" ser cevada, e virar a "massa" que, depois de "prensada", será "peneirada" e "torrada", virando finalmente a farinha! Farinhadas sempre foram das ocasiões preferidas para mim: a família toda ali trabalhando, o dia inteiro na casa da farinha, refeições, conversas, tirar goma para tapioca. Sim, porque há inúmeros derivados da macaxeira: goma pra tapioca e para fazer farinha de tapioca, que depois dá um mingau supimpa, o tucupi, o biju, o biju na folha, e a farinha, é claro. Incrível as batatas de macaxeira, branquinhas, tiradas de dentro da terra - um milagre como destes que só a natureza é capaz.

Esta senhora aí abaixo é a dona Maria, mora do São João do Breu, na comunidade Morro da Glória, é madrasta do Altemir, que visitamos lá. Quando a vi relembrei que a conhecera em 1991, durante o cadastramento dos moradores da Reserva. Fiquei na varanda da casa dela conversando com ela e o marido até o anoitecer, conversa boa, daquelas de gente idosa que sabe conversar, sabe? Ela me remeteu muito à figura de uma ex-escrava, uma descendente de escravos que ela deve ser, aquela mulher negra ali no meio da floresta, tinha uma beleza ali muito particular.

Bom, aí abaixo é um berçário: um viveiro de mudas de açaí (ou abacaba, não recordo bem), que fica lá na casa do Antonio Caxixa, com quem viajei. Um encanto.

Subindo o Tejo, paramos no Iracema e tomamos um café com biju na casa da Tonha, aí abaixo. Lá vi este armário de dar inveja a qualquer dona de casa! Há outros na Reserva, muitos até, vários estilos. Coloquei este aqui, com a Tonha na foto. Vocês acreditam que ela e o marido estão planejando ir embora para a sede municipal e deixar sua casa e benfeitorias para trás? Tudo por causa de escola para os filhos. Sei lá, ponderei com ela que talvez os filhos pudessem esperar um pouco para cursar o 2o grau e aprender um pouco mais sobre a arte do bom viver.

Em seguida, na localidade Refrigério, encontramos a Eliéte, mulher trabalhadora como só visto! Ela e o marido, o João Belo, estão implantando um sistema agroflorestal (SAF) com muita dedicação e esforço. A Eliéte é especialmente talentosa e disposta - uma força. E ali, no meio do SAF, no meio das macaxeiras, milhos, abacaxis e aguanos encontramos este jardim de flor, que, conta ela, plantou para seu prazer e embelezamento do lugar.

Lá na vila Restauração o Caxixa encontrou com sua filha mais velha. Esta moça bonita aí abaixo é fruto de um namoro que não foi pra frente, foi (bem) criada por um outro pai e agora, nos últimos meses, reatou o contato com seu pai biológico, o Caxixa, aí na foto ao lado dela. Pai e filha, gostei da foto, e de ter compartilhado o encontro com o Caxixa, que estava muito feliz.

Já na hora de ir embora da casa de seu Milton e dona Mariana, me pediram para tirar a foto abaixo: Caxixa, dona Mariana, Hilde (nora de dona Mariana) e Salomão (filho de Hilde e neto de dona Mariana). Achei o máximo a posição que eles, por si próprios, assumiram para a foto: uma escadinha de gente amiga!

E pra finalizar este tour, mais uma foto da índia Kuntanawa Mariana. Ela, soube ontem, já está em Cruzeiro do Sul. Está internada, pois a malária a debilitou muito. Mas está melhor, disseram-me. Vai aqui uma outra homenagem a ela, com saudades e votos de pleno restabelecimento.


3 comentários:

sheila disse...

Boa tarde!! Adorei conhecer um pouco do seu trabalho... magnífico.

Anônimo disse...

eSSA FOTO É MUITO BOA E A SENHORA DA REDE É DEMAIS!

Anônimo disse...

Adorei esse seu tour fotográfico, emocionado, como sempre. Toda força para dona Mariana!!!
Eliza