Marechal Thaumaturgo, Acre, Brasil, 29
de fevereiro de 2012
Aos responsáveis pelos seguintes
orgãos e demais interessados:
ICMBio
ASAREAJ
Polícia Federal
Prefeitura de Marechal Thaumaturgo
Polícia Civil
Quero aqui denunciar uma situação que
está ocorrendo em nossa comunidade da vila Restauração, alto rio
Tejo, Reserva Extrativista do Alto Juruá. Precisamos de apoio para
encontrar urgentemente uma solução.
O que me motivou a escrever esta carta
é uma grande retirada de madeiras de lei agora acontecendo em vários
pontos aqui na região (Boa Vista, boca do Manteiga, Cachoeira do
Jarana e Restauração) – estima-se em 250 dúzias de tábuas, além
da madeira quadrada. Esta retirada está sendo promovida por um
morador novato aqui na Reserva, pois chegou aqui por volta de 2005.
Trata-se do sr. José dos Santos Farias, conhecido como José
Ripardo.
Este sr., desde que aqui chegou, abriu
uma área de pastagem muito acima do limite permitido pelo Plano de
Utilização (que é de 15 ha, incluindo casa, terreiro, roçados e
área de criação), onde colocou em torno de 60 cabeças de gado.
Desde 2010, ele já vem sendo advertido pelo ICMBio, que proibiu
novas derrubadas. Em novembro de 2011, numa reunião com
representantes do ICMBio de Cruzeiro do Sul (Urbano Lopes, Chico Ginú
e Figueiredo) na vila Restauração, o sr. José Ripardo foi
advertido que não podia plantar capim numa nova área que acabara de
queimar. No dia seguinte a saída da equipe do ICMBio, ele deu
início ao plantio de capim! O sr. José Ripardo também abriu um
comércio na vila e uma serraria, que beneficiou boa parte da madeira
usada nas casas do crédito - moradia do Incra. Este comércio foi
recentemente vendido a um outro comerciante da sede do município
(que atende pelo apelido de “Ceará”), assim também como o gado,
este repassado para outro comerciante, desta vez de Cruzeiro do Sul e
que atende pelo apelido de “Socó”.
Como é possível tanto desafio a
Justiça do nosso país e as leis da Reserva?
No exato momento em que escrevo esta
carta, o sr. José Ripardo deu início as obras de um novo ponto
comercial, de dois pisos, utilizando justamente a madeira retirada de
que falei acima [aí na foto sendo beneficiada na serraria do infrator]. Esta obra, acredito, contém várias
irregularidades, pois está tapando o caminho da escola, deslocando o
trapicho de circulação dos moradores, deverá mexer com a rede
elétrica da vila Restauração e desrespeitar o espaço privado de
outras moradias. Além disso tudo, o sr. José Ripardo tem o costume
de andar armado (revólver calibre 32). Isto intimida o restante dos
moradores que, assim como eu, sentem-se prejudicados pelas ações
deste sr. Pelas leis da Reserva, este tipo de infrator deveria ser expulso da Reserva.
Diante disso tudo, é urgente que as
autoridades responsáveis tomem as providências para impedir esta
obra e as irregularidades de retirada de madeira, abertura de
pastagens e comercialização de terras que vem acontecendo aqui na
Restauração, justamente o local onde começou a luta pela criação
da Reserva.
Francisco das Chagas Bezerra do
Nascimento (Nino)
68 84118437
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