quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Subindo o rio...

Agora foi a vez de subir o rio, no caso o Juruá, do outro lado do estado. Só que de avião! Saí de Rio Branco dia 17, pausa de um dia em Cruzeiro do Sul, e viagem de monomotor para Marechal Thaumaturgo, no alto rio Juruá. Se fosse de barco, nesta época de rios secos, daria uns 3 a 4 dias; de aviãozinho, apenas 50 minutos cruzando do alto rios, igarapés, florestas e desmatamentos, em especial próximos a sedes municipais ou onde há áreas de fazenda. Claro que não se compara aos desmatamentos no entorno da capital e também de Cruzeiro, que impressionam. Aliás, quase pousando em Cruzeiro era possível ver colunas de fumaça das queimadas da época; era possível ver o aquecimento global acontecendo em ato! Não fotografei porque já estávamos naquela hora que nada pode ser ligado dentro da aeronave...

(Aliás, nesta postagem não tem foto porque estou sem o cabo para baixá-las. Então, quando voltar faço uma postagem só com fotos.)

Vim pra cá para acompanhar, num primeiro momento, as atividades de elaboração do Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Juruá, mais especificamente uma reunião ampliada de representantes locais discutindo problemas e soluções para a Reserva. O Plano está sendo coordenado pelo Augusto Postigo, antropólogo da UNICAMP, antigo colega de trabalho, que muito sabiamente recrutou para sua equipe outro antropólogo, o Roberto Rezende (também UNICAMP) e o Roxo, digo, o Antonio Barbosa de Melo, sobre quem já escrevi neste blog mais de uma vez no ano passado. Trata-se de um ex-seringueiro tornado pesquisador - um exemplo de perseverança, humildade e genialidade. Augusto, Roberto e Roxo, este bravo trio montou um plano de trabalho orientado para viabilizar, com recursos limitados e burocratizados, a máxima participação no processo todo por parte dos moradores da Reserva, que vem de anos de desmobilização e processos complicados (sobre os quais já escrevi há quase um ano).

O plano, em resumo, foi o seguinte: chamar a equipe de moradores-monitores-pesquisadores da Reserva (formada ao longo de anos de um trabalho liderado pelo prof. Mauro Almeida, da UNICAMP), orientá-los e delegar a responsabilidade de realizar reuniões comunitárias na Reserva nas quais foram escolhidos os representantes que hoje estão aqui nesta reunião ampliada. Foram cerca de 80 reuniões em uma semana, onde os desafios atuais e o futuro da Reserva foram tratados, representantes locais escolhidos e um dever de casa assumido: trazer para a reunião ampliada um relatório-diagnóstico de cada comunidade, o que já foi feito pelas próprias comunidades. São documentos incríveis e carregados de legitimidade, orgulhosamente trazidos e aqui apresentados. Rola um frisson no ar a muito não visto na Reserva...

Em suma, tá um agito bom por aqui. Agora estão ampliando a esfera, que de local-comunitária, passou a regional e geral, ou de toda Reserva. Representantes do ICMBio estão aqui, um vereador ou outro, professores da UFAC. Onde é aqui? Ah, sim, é no Centro de Formação Yorenka Antame, coordenado pela Associação Apiwtxa, dos Ashaninka do rio Amônea. O Centro é a grande boa nova dos últimos tempos nestes rincões amazônicos, difundindo e implantando experiências de agroflorestalismo e outras práticas sustentáveis, visando uma rearticulação das populações locais (indígenas e não) para defender um desenvolvimento adequado aos tempos que correm. Não é tarefa fácil, mas o que é fácil nesta Amazônia de meu Deus?

2 comentários:

Athaydes disse...

Ai ai Mari, fácil deve ser derrubar a floresta, queimar, botar gado e ganhar dinheiro com isso... se não fosse fácil não seria tão comum..
Grande abraço, saudades

Athaydes

corisco disse...

e aí amiga
como foi a viagem
bota umas fotos ai pra gente
o filme ta quase pronto
quero que vc veja
abs
amilton