quinta-feira, 29 de maio de 2008

Axé e munição 1

O mundo anda me deixando de cabelo em pé!

Militares e parlamentares criando uma frente contra as terras indígenas; transgênicos bombando; o presidente do Brasil e sua diplomacia pregando que o negócio é crescer, a que custo for (afinal, logo agora que começamos a crescer vem este papo careta de redução de emissões...); os ursos polares em extinção; as hidroelétricas e grandes projetos em expansão; o governador de Mato Grosso querendo dizer que o rei (seu estado) não está nú (desmatado); o governo cedendo a pressão dos desmatadores-políticos-empresários e liberando crédito independentemente de licença ambiental... Ah, desculpem, mas isso tá virando um muro de lamentações!

E justo hoje, quando este blog completa 100 postagens... Ah, um pouco de axé e munição para a luta!



quarta-feira, 28 de maio de 2008

No Alto

"Hoje, camaradas formatos homens, par e ímpar, estou no Alto. Daqui ainda descerá uma canoa anunciando um novo momento, isso não é uma professia. Sempre que estou no Alto as coisas parecem mais simples de serem resolvidas. Tudo estava dado, resolveram que queriam outro mundo, agora guenta.

Mesmo por aqui, no Alto, nem tudo são florestas, mas caminhemos...encontrei uns cabras ainda com sangue no olho, coisa difícil de encontrar aí no ralo.

Pisado e Absoluto são também sentenças e sensações. Pisado é o processo, absoluto a possibilidade. No Alto ainda reina o Absoluto e os Pisados não são os mesmos velhos conhecidos de nós, que andamos por debaixo da terra. é um pisado na briga com o absoluto...
mando uma foto do rio nas próximas chantagens escritas...."

Ei, pessoal, blog novo na praça, visitem!

terça-feira, 27 de maio de 2008

Pérolas e abóboras

Segundo jornais do sul do país, Lula ontem soltou uma nova pérola. Primeiro disse que a preocupação com a preservação da floresta não pode impedir o desenvolvimento da região Norte. Caso isso não ocorra - o desenvolvimento - corremos o risco de sermos, moradores da região, "segregados" . E arrematou: "Moram lá quase 25 milhões de habitantes, que querem ter acesso aos bens que nós temos aqui no Rio, em São Paulo". Pulei na cadeira: péra lá, seu presidente, eu não!!!!

Querer toda a tralha desfrutada pelos cariocas e paulistas aqui? Hum... Mas a que "bens" estaria Lula se referindo? Carros (disso ele entende)? Eletrodomésticos? Já temos, obrigado. Asfalto, estradas? Bom, aí já tem uma turma que quer (não é a minha turma). Que mais? Eletrificação pra ver TV? Só se não for de hidroelétrica que mata bagre e alaga terras de populações tradicionais, e se não for pra ver TV! Saneamento? Ah, isso é importante. Enfim, a que estaria se referindo o nosso presidente quando fala em "desenvolvimento"? Urbanização? Indústrias? Agrobusiness? Tendo a achar que a cabeça dele vai mais por aí. Se não fosse, ele teria segurado a Marina lá, teria sido mais educado e dado pancada é nos outros, e não nela.

Esta conversa de desenvolvimento vai longe. Desenvolvimento econômico - isto é uma obsessão. Mesmo quando o pessoal faz projeto pra manter a floresta em pé, tá lá: manejo e comercialização e produtos florestais, acesso ao mercado, cadeia produtiva... O projeto nem começou, as populações locais nem sabem direito do que se trata, mas as metas já estão estabelecidas. Olha, não é mole não, e raramente dá certo. Injustiça o que estou dizendo? Talvez, talvez.

Desenvolvimento é o povo feliz. Meios econômicos são justamente isso, meios, e não fins. A finalidade é a felicidade. É aquele menino tão inteligente poder ter a chance de virar cientista; e aquele outro que não suporta ir pra escola, poder ficar na mata ou na roça e se sustentar dignamente. Não é todo mundo rezar na mesma cartilha. Cada um é de um jeito. Fico desolada quando vou no seringal e vejo o povo estudando naquelas escolas, aprendendo Deus sabe o quê e querendo arrumar um emprego. A felicidade é um salário. Escravização voluntária. Será que o Lula quer isso? Todo nós, escravos voluntários do sistemão?!

Tô fora! Tô tentando ao menos...

Pensando bem, não dá pra falar em pérola. Pérolas se criam a partir de grãos de areia, são gestadas no interior de conchas, no mar. Pérolas são formas redondas perfeitas. São lindas. Ah, elas não merecem estar metidas nesses emboglios discursivos. O que o Lula falou foi mesmo um abobral, que me perdoem as abóboras.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Isolados - agora autorizados

Acesse aqui para ler matéria e ver fotos e mapas dos índios isolados recentemente contatados aqui no Acre, na região do alto Envira. Vale à pena.

sábado, 17 de maio de 2008

Formatura

Dia 14 de maio foi a diplomação dos 14 alunos que concluíram o Curso Experimental de Iniciação à Língua Hãtxa Kuin. Em duas ocasiões falei deste curso aqui neste blog (clique aqui e aqui). Na verdade, o curso mesmo encerrou-se no dia 8 de maio, última aula onde avaliamos nossas 50 horas de atividade e fizemos um lanche comemorativo bem gostoso, para o qual todos e todas contribuíram. E tiramos a foto abaixo.


A cerimônia do dia 14, portanto, foi mais formal: recebemos nossos certificados, ou diplomas, se preferirem. Havia convidados ilustres, como o Marcelo Iglesias, o Txai Terri, o Marcos Afonso, a Vera Olinda e o Francisco Pianko. Edgar Di Deus, à frente da Biblioteca da Floresta, e Fátima, seu braço direito, comandaram a cerimônia. Houveram falas, dos convidados e dos alunos. Muita coisa foi dita, muita gente agradecendo a oportunidade e querendo continuar. Sugeriram-se coisas, como o aprendizado de outras línguas indígenas e um curso de "antropologia indígena" (e não indigenista).


Esta proposta - da antropologia indígena - foi feita por mim. Penso numa oportunidade que não conseguimos ainda criar na Ufac no âmbito do projeto da "universidade da floresta". Trata-se de criar espaços - espaços dignos e prestigiados - onde anciãos, pajés, caciques, artesãs, por exemplo, possam nos falar sobre o mundo que vêem, que constroem e em que vivem. Quiçá possamos ampliar nossa compreensão sobre o que designamos como "a floresta"; e subverter um pouco nossa maneira de pensar as coisas. É, filosofia indígena mesmo.


O Txai Terri nos lembrou do alto rio Negro, onde línguas indígenas foram transformadas, por leis municipais, em línguas oficiais. Ou seja, documentos públicos, por exemplo, segundo ele nos explicou, devem estar escritos não só em português; nas repartições, se bem entendi, há que haver intérpretes. O Txai então lembrou do Município do Jordão, de maioria esmagadora Huni Kuin. Por que o hãtxa kuin não poderia ser uma língua oficializada? Afinal, o grosso da população ali é bilíngue, ou tem o hãtxa kuin como sua língua principal. Achei tudo isso bem interessante.


Acho que o nosso professor, o Joaquim Maná, na foto com uma expressão muito sugestiva, também achou tudo muito interessante. O que estará pensando? Lembrei agora dos gauleses que diziam: "esses romanos são todos loucos"...

Outras fotos


Estas e outras fotos de pessoas dos povos Yauanawá, Kaxinawá e Ashaninka (foram os que consegui identificar) foram espalhadas em outdoors pela cidade na semana do dia 19 de abril, o Dia do Índio. Uma realização do governo estadual. Gostei, e ainda gosto, de andar de carro pela cidade e ir topando com estes rostos fortes - bonita homenagem. Imagino que os direitos de imagem devam ter sido negociados com os referidos povos.


Que acordos foram estabelecidos? Fiquei curiosa: como se tem negociado este tipo de coisa: um direito de imagem de um sujeito coletivo (um povo) cujo usuário das imagens é o poder público, um outro coletivo também. Coletivos negociando por meio de seus porta-vozes. Caso comparável ao dos índios isolados, só que estes um (ou mais de um) povo, um coletivo, cujo "advogado", ou mediador, estará sendo, até onde entendi, o Estado brasileiro (um baita de um coletivo!), no caso a Funai. Que tipo de direito será estabelecido?

Fico imaginando: daqui há cem anos os isolados resolvem fazer contato, e descobrem que tem uma poupança para fazer o que lhes convier, ou financiar as políticas necessárias a mitigar o impacto, ou... Muito louco isso tudo. Que coisa. Talvez esteja escrevendo bobagens por falta de informação, e é verdade que há casos (não tão raros, infelizmente) de pessoas e empresas que faturam alto em cima da imagem alheia.

Outro dia entrei em alguns sites do "creative commons" e achei interessante: autoriza-se o uso de imagens, músicas, textos para certos fins, sendo outros vedados. Os fins autorizados e os proibidos são estabelecidos por quem resolve usar este mecanismo de proteção. Achei bem legal. Melhor do que proibir tudo, e qualquer uso ser pago. Sei lá, a monetarização de tudo me incomoda um pouco, muito embora não tenha (ainda) uma proposta alternativa, ou subversiva (!). O "creative commons" é uma proposta que taí, na praça.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

O mundo de hoje

Nota de esclarecimento: hoje, dia 15 de maio, Meirelles me telefonou. Por conta da divulgação das fotos neste blog, tomou um baita "puxão de orelha" do seu chefe, entendi que o presidente da Funai ou alguém de algum cargo alto na instituição. A questão são os direitos de imagem. Como garantí-los aos isolados? Como não garantir o uso comercial das imagens e outras questões afins. Meirelles, gentilmente, solicitou-me a retirada das fotos do blog. Atendo, claro, afinal a solicitação vem justamente de quem está na linha de frente, na fronteira das sociedades, a nossa e a deles (dos isolados), e causar qualquer prejuízo está fora de cogitação. E desculpo-me, embora nem eu nem quem me repassou as fotos tivéssemos a menor idéia de que pudessem haver impedimentos a sua divulgação. O fato, segundo explicou-me Meirelles, é que a Funai está, em Brasília, vendo uma forma de regularizar o uso das imagens de povos indígenas não-contatados, criar um fundo com recursos que venham a ser arrecadados por esse uso. Uma poupança para os isolados, digamos.

Enfim, gente, então agora não tem mais foto. Resolvi deixar o texto. Os isolados, ao que tudo indica, não estão tão isolados assim. Difícil manter distância de nós. Aquela história, para proteger, temos que nos aproximar. Agora a proteção é das imagens deles - e eles nem sabem disso. Mas talvez, com efeito, eles gostassem de ser consultados antes de serem fotografados...

* * *

[FOTO: maloca]

Não sei porque, mas a imagem ou sensação que me veio ao ver estas fotos foi a de um “túnel do tempo-espaço” que conduz a uma viagem à contemporaneidade.

[FOTO: maloca]

São malocas de povos nativos das fronteiras brasileiro-peruanas aqui no Acre. Seus nomes? Não se sabe. São os “isolados”: índios que voluntariamente parecem ter optado por não estabelecer contato conosco, os “brancos”. Certamente são aparentados com os índios da região. Os locais onde foram localizadas suas habitações e roçados, por exemplo, são os mesmos citados na tese de doutorado do Marcelo Piedrafita Iglesias, defendida em fevereiro passado no Museu Nacional (UFRJ), sobre um conhecido “amansador” (ou “catequista”, como ele gostava de se auto-definir) de “índios brabos”, de nome Felizardo Cerqueira, que no início do século XX andou por toda a região onde hoje são encontradas malocas de “isolados”.

[FOTO: casas e roçado]

As fotos aqui reproduzidas foram tiradas no final do mês passado, em vários sobrevôos que partiram da sede do Município do Jordão e percorreram três áreas vizinhas umas das outras: a do divisor de águas do rio Humaitá (afluente do Muru) com o alto rio Envira; a do divisor de águas dos igarapés Riozinho e Furnanha (ambos tributários do Envira); e o alto Xinane, também afluente do Envira. Na liderança da equipe estava o sertanista José Carlos Reis Meirelles, que chefia o posto da Funai localizado na entrada da Terra Indígena Kampa-Isolados do Rio Envira (para saber mais sobre o Meirelles, clique aqui, aqui e aqui). As fotos que aqui reproduzo, das mais de mil tiradas, são todas de Gleíson Miranda, da Secretaria de Comunicação do governo do Acre.

Os objetivos dos sobrevôos foram, por um lado, mapear a localização das malocas e seus moradores numa região de fronteira notadamente conhecida por ser território de perambulação de índios não contatados e que tem sido alvo de um agressivo e intensificado processo de exploração madereira. Suspeita-se de um maior trânsito de índios na região, em especial do Peru para o Brasil. O sobrevôo integra então um esforço de mapear a ocupação mais recente dessas fronteiras por “isolados”. Por outro lado, trata-se também de uma preparação dos trabalhos de demarcação física da Terra Indígena Riozinho do Alto Envira, delimitada em 2007.

[FOTO: roçado]

Foram localizadas 75 malocas, ou casa, agrupadas em sete conjuntos distribuídos nas três áeras sobrevoadas. Grandes roçados foram encontrados, impressionantemente grandes. Certamente, é um povo que gosta de comer bem. Nas fotos aparecem algumas edificações no meio do roçado que, suspeita-se, sejam paióis para armazenar as colheitas.

[FOTO: maloca e índios]

Apenas num dos conjuntos de malocas foram encontrados e fotografados seus moradores: estão localizadas na área do Humaitá com o alto rio Envira, mais próxima do local de decolagem e por isso passível de ser visitada ou muito cedo ou no final do dia, hora em que as pessoas costumam estar em casa. E com efeito estavam todos lá: homens, mulheres e crianças. Note-se que na foto acima (da maloca na primeira foto desta postagem), início da aproximação do avião, eles observam, provavelmente trocando idéias entre si sobre o que estava ocorrendo.

[FOTO: maloca e índios]

Os momentos seguintes são de correria, talvez pânico (talvez... vai saber...), em especial das mulheres e crianças, para a mata. Homens permanecem, atiram flechas. Dois deles estão inteiramente pintados de genipapo, os outros de urucum. As fotos carecem de maior definição para um progressivo zoom que permita ver esses índios mais de perto, mas sugiro ao leitor que tente um zoom mesmo assim. É emocionante. Na foto abaixo, há dois homens: um todo pintado de urucum e o outro de genipapo.

[FOTO: maloca e índios]

Não deve ser muito confortável, sendo um índio “isolado”, passar por uma situação dessa. O que será que dizem entre si? O que pensam sobre o ocorrido? Isso altera seus planos de permanecer no local? Sobrevôos como este não são uma forma de quebrar o isolamento voluntário no qual se colocaram? Bom, aí entramos talvez numa questão meio paradoxal: para garantir seu isolamento temos que saber onde se encontram. Só assim é possível proteger eles e seu território contra nós mesmos...

Fiquei muito impressionada – e não fui só eu – vendo as fotos em que aparecem os índios. Um povo que eu provavelmente jamais terei contato direto – e deve ser assim. Um povo que eu gostaria muito de conhecer e ter contato – mas isso não pode ser.

FOTO: [maloca e índios]

Olhando aqueles homens pintados de urucum e genipapo, não sei, senti-me numa volta no tempo (e digo isso correndo o risco de ser acusada de “evolucionista”: antropólogo que acredita numa evolução social entre as sociedades, que iriam das mais “simples” para as mais “complexas”). Não que eu seja o hoje e eles o meu ontem, não, não é isso. Eles são antes uma outra possibilidade de estar no mundo. Eles vivem hoje na Amazônia, alvo de tanta cobiça e projetos salvacionistas. Talvez eles tenham algo a nos dizer. Mas, não sei, será que conseguimos ouvir? Temos falhado neste ponto.

Passa-me pela cabeça que esses índios “isolados” são quase ETs no mundo capitalista-globalizado que conhecemos e cujo destino tememos. Não é o Gil que canta: “ET e todos os santos valei-nos, livrai-nos deste tempo escuro”? Perdoem-me estas palavras, ditas sem pensar. Atribuir aos “isolados” a nossa salvação? Como disse, está-se tentando salvá-los de nós. Foi só que fiquei emocionada mesmo, e talvez esperançosa. Enfim.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Pra quem gosta de dançar

Estas fotos são de um curso de dança brasileira que Andréia Martini, a Teia (na foto acima tocando caixa), ofereceu aqui em Rio Branco nos últimos meses. Foram 15 encontros viabilizados pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura; em cada um, uma dança. Lelê, Côco, Baralho, o Boi, Caroço e tantas outras danças foram-nos apresentadas pela Teia, professora entusiasta e talentosa dançarina.


Conheci a Téia no Alto Juruá, e depois em Campinas, onde chegamos a dividir a mesma casa por alguns meses. Lá, ela integrava o grupo Saia Rodada, liderado pelo Tião Carvalho, artista maranhense bem conhecido por quem é do ramo da cultura popular. Hoje a Téia está aqui, dando aulas de antropologia na UFAC (ela é antropóloga também) e de dança pra quem gosta de se arriscar. Já tem família por aqui. Na foto, está com a Tamani no colo, que completou um ano outro dia e cujo pai é o Siã Kaxinanawa. Acho que a Téia já criou raízes por aqui – raízes e asas ...

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Gil no Alto Santo

Ontem, dia 30, comemorou-se o aniversário do sr. Antonio Gomes, um dos estimados e antigos companheiros do Mestre Irineu, dono de um belo hinário, "O Amor Divino". Dia 30 é tradicionalmente dia de Concentração, mas ontem, em razão da data natalícia, foi de hinário e bailado. Cantamos então o hinário do sr. Antonio Gomes, seguido d´"A Condessa", de dona Zulmira Gomes, sua filha, depois "A Bandeira", da madrinha Peregrina Gomes Serra, neta de seu Antonio, e fechamos com os "Hinos Novos" (também conhecido por "Cruzeirinho") daquele que é a razão de estarmos todos ali reunidos: o Mestre Irineu.

A noite estava fria. O inverno parece que acabou mesmo, o verão está chegando, ou o outuno reinando - tempo das friagens, ventos abençoados que vem dos Andes e de outros cantos mais frios. Nós ali, bailando, no quentinho da corrente. Eis que, quase ao final d´"A Condessa", pára tudo, um pequeno intervalo, todos em forma para receber autoridades que visitavam a casa. Gente importante, do mundo da política, ali no meio da festa espiritual. É uma combinação engraçada, ou meio complicada quando se está "na força". Mas a visita era especial: o Ministro Gilberto Gil, acompanhado do governador Binho entre outros, nos dava o prazer da sua boa presença. Tão lindo o Gil, um nobre senhor, aquele jeito baiano, calmo e sensível. Bom, eu, que sempre fui fã dele, que ia a todos os shows quando morei no Rio de Janeiro, fiquei encantada em vê-lo ali. Segurei-me, juro, para não tietar geral...

Bom, mas a visita tinha um motivo especial. Tratava-se de um justo pleito que foi ali, perante ao batalhão formado, na presença de dirigentes de outros centros ayahuasqueiros e de autoridades constituídas, formalizado: o reconhecimento do uso da ayahuasca em rituais religiosos como um patrimônio imaterial da cultura brasileira. Em torno desse importante tema, vários falaram.

Estavam todos inspirados, e os discursos não foram muito longos - não foi então assim tão difícil permanecer em forma, em pé, assistindo a tudo ao invés de correr para uma cadeira e descansar. Foi mesmo emocionante. Quem quiser ouvir os discursos e saber mais sobre o documento entregue ao Ministro Gil, acesse o blog do Altino que lá tem filmes e links outros.

Findos discursos e cerimônia, em meio ainda a saída dos visitantes, retomamos nosso ritual e fomos cuidar do nosso serviço. No coração, ficou-me a lembrança da visita e testemunha do Ministro Gil na minha noite de estréia no batalhão do Alto Santo sob o comando da Madrinha Peregrina. Viva!